A Doutrina Tradicional dos Elementos (Lição II): Continuidade e Descontinuidade dos Elementos

A  relação entre continuidade e descontinuidade
O problema central da filosofia da ciência é a relação entre continuidade e descontinuidade. É possível solucionar esse problema da relação justa entre continuidade e descontinuidade se conseguirmos situar ambas em suas posições corretas do ponto de vista da aletologia. Com isso, poderíamos resolver muitos problemas filosóficos, linguísticos e científicos.
Não devemos nos afastar desse ponto. Quando falamos em continuidade e descontinuidade há uma presunção geral de que se sabe do que estamos falando, por isso vamos nos concentrar nessa questão.
Na física tradicional ou sagrada, o mundo (physis) é contínuo. Ao mesmo tempo, o Logos, o Intelecto é descontínuo. Essa é a relação fundamental, a realidade última e ontológica. Quando falamos no cosmos, podemos falar no cosmos em seu aspecto lógico (intelectivo), e nesse caso estamos lidando com um cosmos descontínuo. Mas quando falamos no cosmos por si mesmo, o mundo ou natureza tal como é, falamos em continuidade. O mundo é contínuo e descontínuo. Ele é descontínuo graças à ação do Logos e contínuo por si mesmo. Essa consideração é central para situarmos as coisas em seus devidos lugares.
Peras e Apeiron
Isso nos remete a uma questão essencial para a filosofia grega:
1) Peras (πέρας);
2) Apeiron (ἄπειρον).
Peras significa limite ou fim, enquanto apeiron é o ilimitado, indefinido ou infinito. Apeiron é aquilo que não possui limite. Podemos retraduzir peras e apeiron como descontinuidade e continuidade, respectivamente. A continuidade do apeiron não possui fim, e o seu oposto é peras.
Qual é a raiz da palavra grega peras (πέρας)? É o verbo grego peiro (πείρω), que significa furar, perfurar ou cortar. Peras é o recorte da continuidade, é a limitação da continuidade. No pensamento grego, esse fim ou limite corresponde ao Intelecto, ele é noético. É essa operação que impõe forma. O Logos (a descontinuidade) dá forma à continuidade por meio de sua limitação. A forma sempre pressupõe o limite, o confim.
O apeiron, por sua vez, ilimitado, não possui forma, já que só possui forma aquilo que foi limitado por peras. Apeiron é, precisamente, o nome para a matéria bruta, a continuidade absoluta.
Com isso, temos um panorama geral que serve para nos ajudar a compreender todos os filósofos gregos, onde essas relações eram fundamentais. Trata-se aqui de um mapa noético, noológico da física sagrada, que considerava o mundo como resultado do ato do Intelecto descontínuo que impõe limite à continuidade do apeiron, da matéria. Peras impõe limite ao apeiron e, com isso, cria o mundo. O mundo é uma descontinuidade espiritual/intelectual, no ética, imposta sobre a matéria elementar.
É por isso que, segundo Aristóteles, todas as coisas consistem, segundo Aristóteles, de forma (peras) e matéria (apeiron). O Intelecto perfura (πείρει) a matéria, a divide, dá forma a ela, impondo limites a ela. É por isso que as coisas são contínuas e descontínuas ao mesmo tempo. Das Seiende, as coisas existentes, veem com isso uma superposição de duas formas de realidade: continuidade material e descontinuidade formal.
O interior e o exterior
Com isso, retornamos à visão circular da realidade que desenvolvemos precedentemente. Se considerarmos a realidade total, podemos contornar duas regiões mais gerais: o interior e o exterior.
O polo mais interior manifesta a descontinuidade pura, enquanto o polo mais exterior manifesta a continuidade pura. Esses polos absolutos não podem ser considerados como estando na realidade. A realidade é construída quando esses polos se põem em contato e se misturam, pela interação entre forma e matéria. Em si mesmos, não é possível dizer que esses polos existem, mas são eles que tornam possível o existente. O Espírito perfura essa continuidade a partir de dentro, e a sua descontinuidade se sobrepõe à continuidade exterior da matéria em si.
A matéria é continuidade pura e o Intelecto é descontinuidade pura. Trata-se de dois princípios apofáticos, dois silêncios. A matéria não fala por si mesma, ela é muda. Matéria e o Espírito são dois nadas em estado de tensão, são duas pré-realidades, dois princípios pré-ontológicos. Quando os dois entram em contato, surge o mundo, a realidade, tudo. E a totalidade possui sempre uma relação dupla com continuidade material e descontinuidade formal.

 
O ato de mensurar é uma atividade intelectual que equivale ao ato de criar forma. A medida não existe na continuidade, a continuidade não pode mensurar a si mesma. A continuidade só pode ser mensurada na descontinuidade. Por isso, quanto menos as formas são percebidas, menos elas são distintas. O verbo distinguir, aqui, é bastante sugestivo.
A natureza (physis), a zona da física propriamente dita, é a região mista. Em si mesma, a natureza é continuidade, materialidade, nada. Mas com o Espírito que impõe a medida a partir de dentro da realidade, a natureza adquire seu conteúdo, as formas. Mas as formas dos corpos não são descontínuas por si mesmas, mas apenas graças à ação de algo que não pertence à natureza, graças ao Logos. O Logos divide e une em si mesmo. O Logos é a unidade do tudo (panta), mas o Logos cria, também, a multiplicidade. O Logos é a pré-condição da multiplicidade. A unidade é a conditio sine qua non da multiplicidade. Sem unidade não pode haver multiplicidade, tal como explicado no Parmênides de Platão.
Conceito do ponto

O ponto é a representação gráfica da pura descontinuidade. O ponto só pode existir no Intelecto, no centro absoluto da interioridade. O ponto existe logicamente, metafisicamente. Ele não é físico. O ponto físico ou natural ou material não existe. O ponto é uma contradição em si mesma. É linha sem longitude, espaço sem conteúdo, esfera sem volume. Ele não existe e tampouco pode existir, mas ainda assim ele existe e cria sua própria alternativa. Não podendo existir, o ponto dá existência a todo o resto. O ponto é princípio ativo. O ponto, sendo inexistente, é ao mesmo tempo o que há de mais ativo na realidade. É o silêncio que cria todas as palavras.
O ponto é antinatural, protonatural, contranatural, pós-natural, supranatural. Ele cria a realidade ali onde ele não pode existir. Ele é o Deus imanente, porque o ponto está por toda parte, em todo espaço e todo tempo. E sua posição mais natural é a interioridade absoluta.
Mas quando queremos situar o ponto fora da internalidade, para além de sua posição normal e central no círculo da realidade, esse espaço onde situamos o ponto gera, a partir desse esforço de situar o ponto onde ele é impossível, uma aberração da realidade, uma antirrealidade. Trata-se aqui do não ponto. O não ponto material, exterior, que existe por si mesmo, é o primeiro passo para dar início à externalidade, situada fora da realidade.
O átomo não pode e não deve existir
Este ponto indiviso, descontínuo, que existe fora da realidade contínua provoca precisamente o colapso da metafísica e da física tradicional. É daí que vem a visão externalista da ciência moderna que parte da afirmação da existência do átomo. O átomo não só não existe, como ele não pode e não deve existir. Essa afirmação da existência do átomo é pior do que o próprio átomo enquanto partícula. O átomo não pode ser encontrado, então ele não representa problema por si mesmo. O problema é o conceito satânico do átomo, que inverte e corrompe a concepção tradicional da física que torna impossível compreender a natureza.
É por isso que, com a modernidade, entramos na antifísica, essa ciência contemporânea não é física, mas antifísica. Ela está fora da natureza e da física tradicional, não passa de subfísica.
Se formos chamar um corpo material exterior de “ponto”, devemos fazê-lo de forma retórica, tal como os gregos ou escolásticos o faziam. A retórica e as figuras da retórica nos dá a possibilidade de nos desviarmos do uso estrito da palavra. Assim, podemos nos referir a um “ponto material” como uma antífrase retórica, ao chamarmos de “ponto” algo que, obviamente, não é realmente um ponto.
A retórica
A retórica opera com um silogismo incompleto, o entinema. Se o silogismo está situado no Logos, o entinema está situado no thymos (θυμός). O thymos é a parte irascível da alma que representa a sua qualidade guerreira. Os sacerdotes são a cabeça, os guerreiros são movidos pela glória, thymos. Essa relação entre sacerdote e guerreiro corresponde também a uma dualidade entre lógica e retórica. As leis da retórica são as mesmas que as da lógica, mas menos rígidas. O entinema é o silogismo menos estrito. A retórica pode operar com figuras retóricas que chamam luz de sombra, alto de baixo, etc., isso é possível por causa da antífrase. É por isso que a retórica pode chamar “o ponto” de não ponto e vice-versa. Esse modo retórico corresponde bem à física, que possui sempre algo de lógico e não lógico. A física é poesia, é uma forma retórica, é um discurso onde as leis rígidas da lógica não podem ser estritamente aplicadas. É aí que podemos apontar um não ponto no mundo material, chamar algo contínuo de descontínuo, mas nada disso é estritamente verdadeiro. E, com isso, entendemos onde e como as coisas se situam em suas devidas posições.
O ponto não existe, mas algo mais ou menos correspondente a ele pode existir no mundo. Não em um sentido estrito, porém. Retoricamente, podemos dizer que algo é quase descontínuo. Na física, existe a quase descontinuidade, mas essa é sempre uma forma retórica de projetar o Logos para fora de si mesmo. É uma maneira de aplicar o Intelecto. É só assim que poderíamos salvar a ideia de átomo, como mera brincadeira, como piada ou absurdo. Como jogo sofístico. Afirmar, a sério, a existência do átomo é algo que deve colocar em descrédito a capacidade intelectual de quem o afirme.
Meontologia
Retornando, o mundo é a relação da continuidade da matéria com a descontinuidade da forma. O cosmos é construído pela relação entre apeiron e peras. Por isso, ao não compreender essa relação, a ciência moderna é menos que nada, ela inverte a realidade lidando com uma contrarrealidade. A ciência moderna é um ataque do nada ao mundo do Espírito, do Logos, da consciência.
O fundo do erro absoluto na ciência moderna é o conceito de átomo. Ele significa a afirmação da descontinuidade na externalidade, onde normalmente pode existir apenas o nada (nihil). A ontologia da ciência moderna é meontologia, é o estudo do não ser. A ciência moderna estuda apenas coisas inexistentes, coisas que não existem e que não podem existir.
A diferença entre exterioridade e externalidade. A continuidade do tempo e do espaço pertencem ao limite da realidade, por isso, de certo modo, tempo e espaço existem como duas continuidades, mas no limite com a medida com que o Logos pode mensurá-los.  Por si mesmos, tempo e espaço não podem existir. Eles passam à existência graças ao Logos. A medida não apenas mensura a continuidade, ela cria a continuidade. A continuidade é o confim exterior da verdadeira ontologia.
Na física tradicional, espaço e tempo existem no polo oposto ao ponto central, ao ponto descontínuo do Intelecto. Mas esse é um polo oposto que está, porém, em harmonia com o Logos.
Anti-Logos
O átomo da ciência moderna é uma aberração. A fé no átomo constrói a antirrealidade e a externalidade. Esse atomismo é o pecado radical daqueles que pretendem encontrar o Logos não dentro, mas fora do Ser. Esse atomismo quer situar a lógica, a medida, a descontinuidade fora da realidade natural ou sagrada. O projeto de tentar situar o Logos não mais dentro, mas fora do Ser, dá origem ao anti-Logos.
É por isso que, segundo nosso entendimento, a ciência moderna é anticristã. Ela é parte de uma operação contra-iniciática muito mais perigosa do que o satanismo ou as seitas ocultistas apontadas por Guénon. O satanismo verdadeiro e mais profundo é o da ciência moderna, porque ela consiste na preparação do advento do Anticristo, que é o anti-Logos. O atomismo é e sempre foi essa preparação da chegada do Anticristo.
Essa falsa ciência representa a inversão das leis ontológicas. O que inexistente é tomado por existente, e o existente é tomado por inexistente. Com isso, o Logos deixa de ser.
Ao substituir o ponto verdadeiro, que inexiste materialmente, pelo antiponto material a ciência se torna anticiência. O átomo não existe e não pode existir. Ele é um jogo, um truque. A ciência que se funda na aceitação do átomo deve ser considerada pseudo-ciência.
Os elementos cósmicos: quatro tipos de continuidade
Os elementos cósmicos são contínuos e isso define a sua existência sagrada. Eles não existem por si mesmos. Por isso, Platão afirma no Timeu que os elementos são khora (χώρα), que é a mesma substância dos quatro elementos, do fogo, do ar, da água e da terra.
Khora queima e isso é o fogo. Khora sopra e isso é o ar. Khora flui e isso é a água. Khora se consolida e isso é terra.
Todos os elementos são um só elemento. Eles todos representam os modos dessa materialidade sagrada e contínua, que se apresenta sob quatro estados diversos. É por isso que a convergência dos elementos e a transformação dos elementos em outros são possíveis, já que todos são, substancialmente, a mesma materialidade. Essa materialidade é o limite exterior da realidade, mas no aspecto aceito ontologicamente na zona do Logos. A matéria aceita pelo Logos se torna a multiplicidade de coisas, de entes. A matéria situada fora do Logos não existe, está no nada.
Mas o que é esta materialidade sagrada? Trata-se precisamente do éter, o quinto elemento. O quinto elemento é necessário para que possamos compreender verdadeiramente a natureza da continuidade. Graças ao éter é que todos os elementos existem e são contínuos entre si e em si mesmos. É por isso, naturalmente, que não é possível encontrar o éter sublunarmente. Porque o éter, sob a Lua, já está dividido e diferenciado para gerar essas quatro formas de si mesmo. Ele só pode ser encontrado na água, na terra, no fogo e no, nunca como algo puro. Os limites entre esses elementos são posto pela medida dada pela interioridade e no centro de todos os elementos encontramos o éter. Em seu estado puro, o éter só pode ser encontrado para além da Lua. Aqui temos a visão da cosmologia sagrada. O éter não pode ser encontrado na exterioridade, porque ele é a própria exterioridade, é a matéria e a continuidade em seu estado puro.
A matéria não é quantidade
Aqui, devemos acrescentar em diferença ao pensamento guenoniano, que a matéria não é quantidade em si. A matéria só se torna quantidade perante o Intelecto. Por si mesma, a matéria não é quantidade. Ela só se torna quantidade ao ser comparada pelo Intelecto ao Um. Sem o Intelecto, a matéria é puro apeiron, ilimitada, e por isso não pode ser numerada. Em seu estado puro, a matéria não é nada e não é quantificável.
Os elementos são, então, quatro tipos de continuidade, mais densas, brutas e pesadas, mas em graus variados. Eles são atraídos por dois polos: por um lado pelo Intelecto (pelo ponto descontínuo), por outro lado pelo nada (pela continuidade pura e pesada). A leveza é espiritual, a gravidade é material. Aqui é fundamental pontuar, novamente em diferença à ciência moderna, que não há apenas uma força de atração, a da gravidade. Há duas forças de atração, a intelectual e a material. O fogo e o ar, que são os elementos mais leves nessa ordem, são os elementos mais intelectivos e menos niilistas. São elementos “pensantes”. Não por acaso, os anjos e espíritos vivem no fogo e no ar e Platão dizia que a alma do homem tinha asas, como um ser alado.
A Luz
Por sobre o fogo está a Luz, que não é mais matéria orbital, mas matéria sagrada em si mesma. A Luz é o limite interior da natureza. Ela é o que está mais próximo do centro, não sendo mais um ponto. A Luz é um semiponto, ou seja, um raio, ponto-linha e não mais ponto puro e idêntico a si mesmo, senão um ponto que sai de si mesmo.
O raio é a forma da criação do mundo, é a origem da alma, do fogo e da vida. Essa Luz atrai para si o fogo, tal como a escuridão atrai para si a terra, e assim se dividem os elementos em partes, com uma hierarquia instituída entre eles, fogo e ar mais atraídos pela Luz e mais próximos do Intelecto, água e terra mais atraídos pela escuridão e mais próximos da matéria pura. É por isso que a figura que Platão indica para o fogo no Timeu é a pirâmide. A pirâmide possui um ponto alto único, que é o ponto que aponta para o intelecto, ponto transcendental e imanente, verdadeiro. Os elementos são quatro estados da realidade e se distinguem por sua relação com o Espírito.
O mundo subterrâneo e a necrociência
A ontologia e a religião tradicionais conhecem, também, o mundo subterrâneo. E é por isso que é fundamental compreender a hierarquia e escala dos elementos. Fogo, Ar, Água e Terra, nessa ordem. A terra é o confim da realidade, seu limite exterior.
Para além da terra, sob a terra, na externalidade está o mundo subterrâneo. É onde estão os fragmentos mortos dos entes, dos eventos e dos corpos. É o reino dos sonhos do passado. Este é o inferno ontológico, onde está situado o átomo e a partir de onde opera a ciência moderna, que cria o inferno na terra.
A ciência moderna é necrociência, porque afirma como única realidade precisamente a realidade subterrânea. Os cientistas modernos são, então, satanistas que querem fazer o inferno emergir ao mundo e essa é sua missão destrutiva. O átomo é o fragmento do sonho que imagina o ponto eterno e vivo e essa é a falsa base de toda a ciência moderna.
Infelizmente, os cientistas que começam a questionar essa inversão são excluídos, cancelados e perseguidos. Mas os que quiserem retornar à física tradicional são bem-vindos, e é assim que as portas da Luz se abrem para o cientista, de modo que eles passam a compreender a profundidade da escolha entre Tradição e Modernidade, que não é uma escolha meramente política, mas ontológica, metafísica, que está além de qualquer posicionamento contingente ou convencional.
Como salvar a ciência?
Para salvar a ciência (e o mundo), basta retornarmos ao ponto em que o erro foi cometido, à situação pré-moderna, ou seja, pré-atomística. Devemos voltar a estudar, resgatar, a ciência aristotélica, a ciência platônica, a ciência tomista, para reconstruir a ciência. Devemos retornar a nossa tradição, que não é apenas mística, psicológica, espiritual, mas também oferece uma física sadia, correta, uma visão justa dos corpos, da matéria, das coisas concretas, corpóreas.
Os próprios cientistas, assim, precisam ser salvos dessa ciência infernal que destrói e inverte todas as relações racionais e naturais. Porque essa ciência moderna é uma ciência que perdeu sua racionalidade, que esqueceu o que é verdadeiramente racional e o que é, de fato, pensar.
Eis a importância da doutrina dos elementos. Só ela pode explicar corretamente a verdadeira natureza da exterioridade sem cair na externalidade.
Diástema
Como adendo, acrescentamos a ideia do diástema como sendo a diferenciação espacial que separa e divide. Com isso, compreendemos melhor o que é a medida do tempo e o que é a medida do espaço. O diástema é a perfuração, a introdução do peras no apeiron. O diástema separa e une, onde separação e unificação são dois aspectos do mesmo ato. É graças à separação que a unificação é possível e vice-versa. Toda a realidade pode ser reduzida a uma operação de diástema, uma distensão entre coisas que são, foram e serão, entre princípio e manifestação. Sempre há, portanto, uma distância, que implica separação e não separação.