Vitória ou Nada

Vitória ou Nada

25.04.2022

A Rússia atravessou o Rubicão e agora não há como voltar atrás. Para a Rússia e para o mundo é impossível voltar à situação anterior. O mundo unipolar está no fim e a vitória russa abrirá o caminho para a multipolaridade. Mas o Ocidente seguirá lutando para manter sua hegemonia sobre boa parte do mundo, mesmo enquanto novos polos começam a surgir.

Quando o Comandante Supremo em Chefe iniciou uma operação militar especial na Ucrânia, o curso da história foi alterado. Ele irreversivelmente mudou. Este é o caso quando dizem “o dado está lançado”, “atravessamos o Rubicão”, e “não há meia-volta”. Pode parecer a alguns que há, mas não há. E agora ninguém e nada pode mudar o curso dos acontecimentos, e ninguém e pode fazer com que as coisas voltem a ser como era antes.

Antes de 22 de fevereiro de 2022, havia uma certa – embora bastante limitada – liberdade de ação. Depois, não mais.

Mas esta decisão fundamental tem uma escala tal que assusta não apenas aqueles que imediatamente a rejeitaram, mas também a maioria popular russa, que apóia incondicionalmente a Operação Z.

Moscou desafiou toda a hegemonia global do Ocidente, entrou em confronto direto com a ordem mundial liberal global, começando a destruir a construção neonazista russófoba, que esta ordem mundial ergueu perto da Rússia, de fato, em nosso território, preparando-se para nos atacar diretamente.

Começamos primeiro para ter a iniciativa no inevitável duelo histórico.

Ou o mundo será multipolar, ou permanecerá unipolar, onde todas as decisões fundamentais serão tomadas pelo Ocidente, ou melhor, pela seita maníaca globalista, que tomou o poder sobre os povos do Ocidente e estendeu seu poder a toda a humanidade. Eles anunciaram o “Grande Reset” e a transferência do poder inteiramente para o Governo Mundial (Klaus Schwab, George Soros, etc.). Putin respondeu com uma operação militar especial. A aposta é extremamente alta. E nada pode ser colocado de volta na linha de partida.

É claro, se perderem, os globalistas ainda terão algum potencial. Mesmo se perderem a Ucrânia, seu sistema como um todo não entrará em colapso, e a quantidade de influência no mundo não será reduzida de forma muito significativa. Mas simbolicamente será um golpe para a totalidade de seu poder, uma brecha na muralha mundial, na qual eles fecharam as nações e os Estados. O Ocidente pode sacrificar a Ucrânia como um peão, e o jogo não será perdido até o fim. Pelo contrário, o jogo real acaba de começar, mas será um jogo de xadrez para dois, não apenas um (como Zbigniew Brzezinski ironicamente observou para mim). E o jogo será duro.

Quando a Rússia vencer definitiva e comprovadamente, tendo realizado plenamente os objetivos da operação militar especial, o mundo multipolar adquirirá contornos distintos na forma de três polos já prontos: o Ocidente, a Rússia e a China, e então a Índia, o mundo islâmico e outros poderão se somar a eles. Mas o Ocidente ainda tentará manter sua hegemonia, empurrar os polos uns contra os outros, organizar uma nova série de provocações e revoluções coloridas, promover revoltas étnicas e caos social. Afinal, uma nova epidemia poderia ser desencadeada, pois não é sem razão que tanto dinheiro foi gasto em laboratórios secretos para desenvolver armas biológicas na Ucrânia e em outros lugares. Alguma coisa, graças a uma operação militar especial, entrou em cena hoje, mas muito mais permanece nos bastidores…

Mas para a Rússia, estamos falando de um dilema completamente diferente: ser ou não ser. Neste caso, não será possível apresentar “não ser” como uma “vitória”. É desnecessário dizer que, de tempos em tempos, o governo tem agido desta maneira. Mas isso foi somente quando se tratava de um público doméstico. Agora as pessoas e o mundo inteiro estão assistindo aos eventos da operação militar especial a partir de posições inequívocas que não permitem qualquer interpretação ambígua, e as autoridades russas não são mais capazes de influenciar isto. Não é apenas porque perdemos a guerra da informação, mas porque estamos falando de coisas mais profundas do que as operações da mídia. Quando a questão é ser ou não ser, existe apenas a Vitória. Nem mesmo “vitória ou derrota”, mas “vitória ou nada”.

É possível sobreviver à derrota; vivemos durante 1991 e toda a década de 1990. Naquela época, a questão era extremamente aguda. E agora ela é ainda mais aguda. É tão aguda agora que só pode haver uma saída: vitória e nada mais. Não existe “senão”.

E uma “vitória” não pode ser o reconhecimento de algumas de nossas exigências menores enquanto preservamos a Ucrânia como ela é. A vitória é uma mudança completa de tudo enquanto tal – na Ucrânia, e na própria Rússia.

Ucrânia sem neonazistas e liberais, Rússia sem liberais, oligarcas e traidores (não temos neonazistas propriamente, enquanto o Ocidente apoiou artificialmente o nacionalismo nas repúblicas pós-soviéticas, na própria Rússia os nacionalistas não tiveram nenhum apoio interno ou externo).

Estou absolutamente convencido de que Putin entendeu tudo quando deu esse passo que mudou o mundo. Com um gesto, ele colocou tudo em jogo e, com o mesmo gesto, ele cortou a possibilidade de recuo. É assim que se faz história: tudo ou nada. É assim que vive e age um homem, um sujeito, um governante soberano livre.

Muitos hoje temem traição, rendição, reconciliação vergonhosa com um inimigo existencial. Infelizmente, tivemos, no passado recente, tristes precedentes para isso. Mas nenhum equilíbrio entre lealdade e traição – solar e lunar – é mais possível. A escala mudou irreversivelmente (e a palavra principal aqui é “irreversivelmente”).

Rumo à Vitória.