Theory

O Horizonte Cósmico de Possibilidades da Quarta Teoria Política Rumo à Superação da Pós-Modernidade

O que caracteriza a modernidade como paradigma é a “liquefação dos padrões de dependência e interação” (BAUMAN, p.14) Não conseguindo fixar o espaço por muito tempo, a modernidade líquida prescinde de configuração específica devido ao trânsito livre de suas moléculas, viabilizado pela inoponibilidade de resistência. A circulação do capital mediada por instituições financeiras e catalisada pelas relações de produção em uma sociedade regida pelo princípio da divisão do trabalho materializam a dinâmica de um organismo que, a princípio, parece funcionar a partir de meios de atuação que ele mesmo gera e recicla incessantemente. Esse procedimento tecnocrático viciado repercute nas mais diversificadas searas de interação sócio-política, gerando um déficit de legitimidade acentuado pelo advento da globalização, na década de 70. E aqui precisaremos dedicar maior atenção. 
 
Nos dizeres de Zygmunt Bauman, “a integração e a divisão, a globalização e a territorialização, são processos mutuamente complementares. Mais precisamente, são duas faces do mesmo processo: a redistribuição mundial de soberania, poder e liberdade de agir desencadeada (mas de forma alguma determinada) pelo salto radical na tecnologia da velocidade. A coincidência e entrelaçamento da síntese e da dispersão, da integração e da decomposição são tudo, menos acidentais; e menos ainda passíveis de retificação”. (BAUMAN, p.77)    

O Terceiro Totalitarismo

Nas ciências políticas, o conceito de totalitarismo está subentendido nas ideologias comunista e fascista, que abertamente proclamam a superioridade da totalidade (classe e sociedade no comunismo e socialismo; Estado, no fascismo; raça no nacional-socialismo) sobre o privado (indivíduo).

Eles se opõem à ideologia liberal, a qual situa, ao contrário, o privado (indivíduo) sobre a totalidade (como se essa totalidade não pudesse ser compreendida enquanto tal). O liberalismo assim combate o totalitarismo em geral, incluindo o do comunismo e o do fascismo. Mas, ao fazê-lo, o próprio termo "totalitarismo" revela sua conexão com a ideologia liberal - e nem comunistas nem fascistas concordariam com o termo. Assim, todos os que usam a palava "totalitarismo" são liberais, independentemente de sua consciência sobre isso.

Batalha pelo Estado

No sentido político, a situação na Rússia está se tornando crítica. Essas são mudanças fundamentais mais do que flutuações na superfície. Tentemos criar um esquema conceitual dos eventos atuais.
Há um Povo (Narod em russo, similar ao Volk alemão), e há povo (população). Essas são duas coisas diferentes (conceitos diferentes). E todos eles são coletivamente conhecidos como "Rússia". Essa homonímia gera camadas de significado, e tudo se torna confuso. Vamos ortogonalizar a imagem situado tudo em seu próprio nível.
Narod é uma comunidade histórico-cultural. É um sujeito de destino e criador da história. Porém, nem todas as filosofias e ideologias reconhecem sua existência nesse sentido. Narod não existe para os liberais - há apenas um agregado de indivíduos. Nem ele existe para os comunistas - apenas classes existem; para os nazistas - apenas raça existe; e para os fascistas - apenas o Estado. E, ainda que soa paradoxal, Narod não existe para os nacionalistas também - para eles, há uma nação política baseada na pertença individual (a nação burguesa clássica é um produto da Europa durante o período da Modernidade). Narod não existe para todas essas ideologias - isto é, para a nomenclatura ideológica completa da Modernidade. Mas ele existe - é a única coisa que realmente existe. 

Rumo à Laocracia

A Rússia moderna possui capitalismo. Portanto, ela é governada por capitalismo e portanto não o Narod. Para construir a Rússia na qual governará o “Narod”, é necessário concretizar uma revolução anti-capitalista (ou, ao menos, anti-oligárquica). Magnatas financeiros deveriam ser excluídos do poder político. E isso é o central. Todos devem escolher – poder OU dinheiro. Escolha o dinheiro - esqueça o poder. Escolha o poder – esqueça o dinheiro.
 
A revolução deve se concretizar em três estágios:
 
1. Ultimato a todos os grandes oligarcas (uma centena tirada de uma lista da Forbes e mais outra centena que se esconde, mas que todos sabemos quem são) para que jurem lealdade aos ativos Russos (todos ativos estrangeiros e nacionais estratégicos serão agora controlados por corpos especiais).
2. Nacionalização de todas as propriedades privadas de importância estratégica.
 
3. Transmutação dos representantes patrióticos do grande capital para a categoria de funcionários com a transferência voluntária da sua propriedade para o Estado. Eliminação dos direitos civis (incluindo aqui o fim do direito de voto, participação em campanhas eleitorais, etc.) para aqueles que preferirem preservar o capital em escala não estratégica, mas significante.

Geografia Sagrada à Geopolítica

O tipo do povo do Norte pode ser projetada no Sul, Leste e Oeste. No Sul, a Luz do Norte gerou grandes civilizações metafísicas, como os indianos, iraniano ou chinês, que na situação do "conservador" do Sul há muito tempo guardados a Revelação, confiado por ele. No entanto, a simplicidade e clareza do simbolismo do norte virou aqui em um emaranhado complexo e diverso de doutrinas sagradas, sacramentos e ritos. No entanto, quanto mais ao Sul, as fracas são os traços do Norte. E entre os habitantes das ilhas do Pacífico e África do Sul, os motivos "nórdicos" na mitologia e sacramentos são salvos em uma forma extremamente fragmentada, rudimentar e até mesmo distorcida.
No Oriente, o Norte é mostrado como a sociedade tradicional clássico fundado na superioridade unívoca do supra-individual acima do indivíduo, onde o "humano" eo "racional" são apagados antes do Princípio supra-humana e supra-racional. Se o Sul dá a civilização um caráter de "estabilidade", o Oriente define sua sacralidade e autenticidade, o principal fiador de que é a Luz do Norte.

A vacuidade intelectual da Velha Direita

A Direita nunca foi apreciadora de intelectuais. Não é de admirar, então, que a expressão “intelectual de esquerda” tem sido, por muito tempo, uma tautologia. Para muitas pessoas da Direita, os intelectuais são simplesmente insuportáveis. Eles os visualizam sentados em espreguiçadeiras, é claro, e os vê como “tipos hipócritas” que sodomizam moscas, dividem o cabelo e publicam livros, invariavelmente descritos como “indigestos” e “chatos”.

Essa idéia pode ser encontrada em diferentes backgrounds. Para os libertários, os intelectuais são inevitavelmente “desconectados da realidade”. Para os ativistas, intelectuais tergiversam enquanto estamos diante de um “estado de emergência”, exigindo ação.

Já ouvi coisas como esta a minha vida inteira. De fato, há um lado positivo nesta atitude. Direitistas mostram uma preocupação real para fatos concretos, uma verdadeira desconfiança de abstrações inúteis ou intelecto puro, um desejo de afirmar a primazia da alma sobre o espírito, do orgânico sobre a “secura” teórico, a esperança (sempre desiludida) para voltar a uma vida mais simples, etc.

A Quarta Teoria Política e a "Outra Europa"

Em seu livro Carl Schmitt, Leo Strauss e O Conceito do Político Heinrich Meier assinalou que o mundo está tratando de deixar de identificar a diferença entre amigo ou inimigo. Schmitt mostra claramente ao mundo a inevitabilidade do "bem" com o fim de intensificar a "consciência de uma situação de emergência" e voltar a despertar a capacidade que se manifesta quando "o inimigo se revela a si mesmo com particular clareza". De fato, hoje podemos identificar sem deixar lugar para dúvidas o nosso inimigo. O inimigo ideológico (e ontológico) é o liberal, o partidário da teoria política que derrotou às duas ideologias do século XX, o comunismo e o fascismo/nacional-socialismo. Hoje nos enfrentamos com o resultado da vitória. Ao dizer "nós" não me refiro a alguma entidade política abstrata, mais exatamente me refiro aos representantes da tradição geopolítica da Eurásia ou dos enfoques da geopolítica telurocrática (portanto, os inimigos estão determinados por sua participação na geopolítica talassocrática). Comentando a obra fundamental O Conceito do Político, Leo Strauss assinala que apesar de toda a crítica radical do liberalismo contida nela, Schmitt não segue até o fim, já que sua crítica se desenvolve e se mantém dentro do alcance do liberalismo.

O Fim do Mundo realmente ocorreu

O fim do mundo aconteceu, de fato. Ele não ocorreu em um dia específico, mas se arrastou por várias décadas. O mundo que desapareceu era um mundo em que a maioria das crianças sabia como ler e escrever. Um mundo em que admirávamos os heróis ao invés das vítimas. Um mundo em que as máquinas políticas não tinham se tornado aparelhos de esmigalhar almas. Um mundo em que nós tínhamos mais modelos de papéis sociais que direitos. Um mundo em que uma pessoa podia entender o que Pascal queria dizer quando ele escreveu que os entretenimentos nos distraem de viver a verdadeira vida humana. Um mundo em que as fronteiras salvaguardavam aqueles que viviam seu modo de vida e uma vida própria.

 

O Conservadorismo revolucionário: perpétua actualidade

A essência da posição dos conservadores consiste em tudo deixar como era, como é. Isto, naturalmente facilita seriamente o trabalho daqueles que tudo querem mudar. Na verdade, o enorme estrato social, representado pelos conservadores, mete-se entre parênteses na discussão ou realização de novos programas, notoriamente recusando-se a apresentar o seu próprio projecto, o que seriamente reforça a concorrência e permite analisar com mais atenção o lado substancial do que os modernistas propõem.

A circunstância da fatal condenação do conservadorismo tradicional, e a sua involuntária e inconsciente cumplicidade com o campo progressista, já há muito foram notados pelos mais perspicazes pensadores conservadores, que tentaram compreender a razão dos seus constantes insucessos. A começar por Louis de Bonald (1754-1840), Joseph de Maistre (1753-1821), Donoso Cortés (1809-1893) e os eslavófilos russos, os conservadores começaram a questionar-se quanto seriam eles culpados dos seus próprios fracassos históricos e da fatal vitória do campo revolucionário oposto, que atribuía a si mesmo essa vitória, a contradição da qual e a reacção à qual eram, na realidade, um fenómeno da frente conservadora.

A Geopolítica Existencial de Carlo Terracciano

Carlo Terracciano herdou a tradição geopolítica do continentalismo europeu. Em seus escritos (reunidos em uma série de artigos "Nel Fiume della Storia"), ele traça a gênese ideológica dessa escola. O imperialista britânico H. Mackinder foi o primeiro a articular a principal lei geopolítica - a oposição dualista entre a civilização do mar (talassocracia) e a civilização da terra (telurocracia). O próprio Mackinder foi um brilhante representante da talassocracia e garantiu a transferência da tradição da estratégia talassocrática, o procedimento de apercepção geopolítica da Grã-Bretanha aos Estados Unidos. Mackinder foi um dos fundadores da Escola de Londres de Economia, contribuiu para a emergência da "Chatham House", do Centro Real para Estudos Estratégicos, e inspirou o primeiro time da CFR (Conselho de Relações Exteriores), publicando em "Foreign Affairs" seus artigos tardios. Dele ao americano A. Mahan está uma linha reta de geopolítica atlantista, vindo do realismo americano (e algum "liberalismo muscular", transnacionalismo e globalismo) até Kissinger, Brzezinski, Rockefeller, por um lado, e os neocons do outro. A hegemonia planetária dos Estados Unidos e a ideia de talassocracia global com o Governo Mundial, tudo que deriva de uma visão planetária de Mackinder, levado aos seus limites lógicos. O mundo pode se tornar realmente global, somente quando o Poder do Mar definitivamente derrotar o Poder da Terra (ou vice-versa). Essa era a aposta da vida de Mackinder. E agora nós vemos que muitos de seus projetos foram realizados: ele insistia no desmantelamento da Rússia, na criação de um "cordão sanitário" na Europa Oriental, na necessidade de derrotar Alemanha e Rússia, e tudo isso de alguma forma está realizado ao fim do século XX, fornecendo assim as condições para a emergência de um mundo unipolar de da hegemonia global americana. Esse império talassocrático diante de nossos olhos, se tornando uma realidade.

Eurásia como conceito espiritual

"Sublinhar e enfatizar as conexões, as linhas de força nas quais se sustenta a trama do conceito espiritual de Eurásia, da Irlanda ao Japão": a esta preocupação de P. Masson Oursel, que se inspira em uma programa esboçado em 1923 em La Philosophie Comparée e prosseguido em 1948 em La Philosophie en Orient, Henry Corbin (1903-1978) atribui um "valor especial". Transcendendo o nível das determinações geográficas e históricas, o conceito de Eurásia vem a constituir a "metáfora da unidade espiritual e cultural que irá recompor o final da era cristã em vista da superação dos resultados desta". Estas são, ao menos, as conclusões de um estudioso que na obra corbiniana descobriu as indicações idôneas para fundar: "aquela grande operação de hermenêutica espiritual comparada, que é a busca de uma filosofia - ou melhor dito: de uma sabedoria - eurasiática". Em outras palavras, a própria categoria geofísica de "Eurásia" não é mais que a projeção de uma realidade geosófica vinculada à Unidade originária, posto que "Eurásia" é, na percepção interior, na paisagem da alma ou Xvarnah ("Luz de Glória", no léxico mazdeano), a Cognitio Angelorum, a operação autológica doAnthropos Téleios, ou inclusive, por último, a unidade entre o Lumen Naturae e a Lumen Gloriae. Daí a possibilidade de abordar a Eurásia com o conhecimento imaginal da Terra como um Anjo.

"Financismo", o Estágio Supremo de Desenvolvimento do Capitalismo

Representa o capitalismo financeiro apenas uma variante aleatória da essência comum do desenvolvimento do sistema capitalista? Ou será, ao invés, a encarnação definitiva de toda sua lógica, seu triunfo?

A resposta para essa questão não pode ser encontrada dentro dos clássicos da teoria econômica, seu horizonte sendo limitado à fase industrial do desenvolvimento - cuja tendência geral e completa significância econômica eles (e principalmente os marxistas) investigaram completamente e corretamente. A sociedade pós-industrial ainda é, em muitas maneiras, uma realidade obscura.
Em sua análise não há clássicos estabelecidos, ainda que muitos autores tenham lançado um olhar profundo sobre esse fenômeno. A tarefa de compreender o "financismo" é nossa, quer gostemos ou não.
Até mesmo para darmos os primeiros passos na direção de um panorama consistente desse tema, nós temos que considerar toda a história do paradigma econômico, e individuar ali o lugar do "financismo" - não apenas a partir do ponto de vista da cronologia quantitativa, mas a partir do ponto de vista da relevância qualitativa desse fenômeno no desenvolvimento geral de modelos econômicos.
 

A Concepção Sagrada dos Espaços

Nós definimos o tema que escolhemos para a nossa discussão, "a concepção do espaço sagrado." Como você bem sabe, a escola de pensamento do tradicionalismo integrante baseia-se sobre um determinado assunto: os conceitos polares opostos subjacentes à abordagem dialética da realidade humana são dois simetricamente opostos - Tradição e Modernidade. Por Tradição compreendemos de modo geral a abordagem do "sagrado" ao real, uma leitura simbólica da mesma que, trabalhando com o que Carl Schmitt chamou de "catolicismo romano e forma política" princípio da representação, consideraremos o plano como um reflexo do mundo imanente transcendente, como expresso sistematicamente pela filosofia platônica. É um erro, porém definir o conservadorismo como um ramo da filosofia derivada do idealismo platônico porque, em sua visão ortodoxa, é considerada a ciência que estuda a manifestação do Uno pré-existente imanente - uma revelação eterna - e as estradas a fim de acessar sua experiência direta. A abordagem tradicional também pode ser definida cosmologicamente. A modernidade é a ruptura drástica com a concepção de existência simbólica e espiritual: a chave para o que não é mais cosmológico, como é na concepção tradicional, e sim mecânico. Se o pensamento tradicional é generalizante, representante, universalizante e essencialmente metafísico, o pensamento moderno, como seu oposto radical, manifesta-se como fragmentado, mecanicista e potencialmente niilista. Digo "basicamente" niilista porque, no desenrolar do fenômeno moderno, não esgota as possibilidades (ou pelo menos, não tivemos a oportunidade de conhecer este evento), mas aprofunda-se, expandindo sua influência e aumentando o grau de entropia que contém, provando ser o tempo da grande confusão prevista por René Guénon. Mais do que um sociólogo, incluindo Jedlowsky, advertiu-nos o fato de que a suposta pós-modernidade não é outra coisa senão o fenômeno moderno que é o apenas aparentemente negar a si mesmo, ele se quebra e se expande, criando uma nuvem de "modernidade diversas", e, aparentemente contrário ao contrário, de fato, todos os participantes do mesmo projeto e relativista perspectivista que, em aparente oposição ao primeiro evento universalista e racionalista da modernidade, na verdade, partes da natureza e cartesiana subjetivista. O professor Dugin, em seu discurso na conferência internacional de Moscou "Contra o mundo pós-moderno", tem bem definida a pós-modernidade como a queda da modernidade, então a expansão, a hipertrofia do princípio da quantidade que caracteriza a própria modernidade. Também o professor Dugin tem repetidamente salientou a necessidade de uma restauração da categoria filosófica do objetivismo, em oposição à natureza subjetivista da modernidade: na verdade ele não é o único que viu no universalismo marxista e no objetivismo (assim como na derrubada da manifestação idealista tripartite do Espírito) a continuação de categorias clássicas e tradicionais de pensamento. Cito neste caso o filósofo italiano Costanzo Preve que, em conjunto com Domenico Losurdo, representam a aresta de corte efectivo da Europa neomarxista. 

Eurasianismo como a via para a real multipolaridade

 

Globalização como o corpo principal da história moderna
Em sentido amplo, a Idéia Eurasiana e até a Eurásia como conceito não correspondem estritamente às fronteiras geográficas do continente Eurasiano. A Idéia Eurasiana é uma estratégia de escala global que reconhece a objetividade da globalização e o fim dos “nações-estados” (Estados-Nações), mas ao mesmo tempo oferece um cenário diferente de globalização, o qual não confere um mundo unipolar ou um único governo global. Ao invés, ela oferece várias zonas globais (polos). A Idéia Eurasiana é uma alternativa ou versão multipolar da globalização, mas a globalização é atualmente o processo mundial mais fundamental que está decidindo o principal vetor da história moderna.

Nacional-Bolchevismo ou Nada

O nacional-bolchevismo é aquilo que jamais foi. Ele jamais foi posto em prática, e nem mesmo em teoria. O nacional-bolchevismo está por vir. Por vir, na medida em que essa doutrina será um santuário ideológico e metafísico para aqueles que negam o mundo moderno, o sistema do capitalismo liberal que se tornou a única base da sociedade moderna. A oposição durará para sempre. As velhas ideologias anti-burguesas já demonstraram suas limitações. Erros teóricos mais cedo ou mais tarde resultaram em uma queda histórica. Quem não entende isso, não possui lugar na história.

Metafísica do Nacional-Bolchevismo

O termo "Nacional-Bolchevismo " pode significar várias coisas completamente diferentes. Ele surgiu praticamente ao mesmo tempo na Rússia e na Alemanha para significar as suposições de alguns pensadores políticos sobre o caráter nacional da revolução bolchevique de 1917, escondido na fraseologia marxista ortodoxa internacionalista. No contexto russo "nacional-bolcheviques" era um nome comum para os comunistas, que tentaram proteger a integridade do Estado e (conscientemente ou não) continuaram a grande missão geopolítica histórica russa. Os nacional-bolcheviques russos, tanto entre os "brancos" (Ustrialov, Smenovekhovtsy, Eurasianos de Esquerda) e entre os "vermelhos" (Lenin, Stalin, Radek, Lezhnev etc) (1) Na Alemanha, o fenômeno análogo foi associado com formas extremamente esquerdistas de nacionalismo dos 20s-30s, em que as idéias do socialismo não-ortodoxo, a Idéia Nacional e uma atitude positiva em relação a União Soviética foram combinados. Entre os nacional-bolcheviques alemães Ernst Niekiesch foi sem dúvida o mais consistente e radical, embora alguns revolucionários conservadores também possam ser referidos a este movimento, tais como Ernst Jünger, Ernst von Salomon, August Winnig, Karl Petel, Harro Schultzen-Beysen, de Hans Zehrera, os comunistas Laufenberg e Wolffheim, e mesmo alguns Nacional-Socialistas extremamente esquerdistas, tais como Strasser e, durante um determinado período, Joseph Goebbels.

A Necessidade da Quarta Teoria Política

Vozes perturbantes e criticismo começaram durante o final do último século, com o nascimento de fenômenos como a globalização e o unimundialismo. Este criticismo soou não somente de oponentes externos – conservadores, Marxistas e povos indígenas –, mas começou dentre o campo da comunidade Ocidental. Pesquisadores perceberam que o moderno choque de globalização é a conseqüência do liberalismo universal, que se opõe a qualquer manifestação de distinções. O programa último do liberalismo é a aniquilação de quaisquer distinções. Por isso, o liberalismo mina não somente o fenômeno cultural, mas também o próprio organismo social. A lógica do liberalismo Ocidental contemporâneo é aquela do mercado universal desprovido de qualquer cultura que não seja aquela do processo de produção e consumo.
A experiência histórica provou que o mundo liberal Ocidental tentou forçosamente impor sua vontade sobre todos os outros. De acordo com esta idéia, todos os sistemas públicos no Mundo são variantes do sistema – liberal – Ocidental, e suas características distintas devem desaparecer antes da aproximação da conclusão desta época mundial.

Ideia Eurasiana e Pós-Modernismo

 

É muito simbólico que estejamos realizando nossa conferência na véspera do dia de São Miguel Arcanjo. Segundo a tradição ortodoxa ele é celebrado no oitavo dia do nono mês (em tempos antigos o ano começava em 1 de março). "Nono" simboliza nove arcanjos, "oitavo" - eternidade, momento sacral de Ressurreição, quando "o tempo se converterá em espaço" e o triunfante "Fim do Mundo" - "parusia" ou dia do juízo final começam. 
 
O conservador revolucionário alemão (e é muito importante lembrar que a ideia eurasiana é uma das principais correntes da filosofia conservadora revolucionária) Arthur Moeller van den Bruck expressou um pensamento bastante profundo: "A eternidade está sempre com o conservador". Isso significa, caros associados, que a eternidade está conosco.
 
O Arcanjo Miguel desempenha na tradição monoteísta uma parte importante - ele é o arquiestrategista, líder do exército arcangélico, exército do bem que se opõe aos demônios do mal. Ele é o eixo vertical perpétuo do super drama da história mundial.

A Idéia Eurasiana

A globalização é a imposição de um paradigma atlantista. A globalização enquanto atlantismo busca evitar esta definição de todas as formas. Os proponentes da globalização argumentam que quando não houver mais alternativa ao atlantismo, ele cessará de existir. O filósofo político americano F. Fukuyama escreveu sobre o “fim da História”, que significa na verdade o fim da história geopolítica e  do conflito entre atlantismo e eurasianismo. Isto significa a arquitetura de um novo sistema mundial sem nenhuma oposição e com um único pólo — o pólo do atlantismo. Podemos também nos referir a esta arquitetura como Nova Ordem Mundial. O modelo de oposição entre dois pólos (Leste-Oeste, Norte-Sul) se transforma no modelo de centro-periferia (centro — Ocidente, “norte rico”; periferia — sul).  Esta variante de arquitetura mundial está em desacordo completo com o conceito de eurasianismo.

Há uma alternativa à Globalização Unipolar
Atualmente, a Nova Ordem Mundial é nada mais do que um projeto, um plano, ou uma tendência. É muito grave, mas não fatal. Os adeptos da globalização negam qualquer alternativa para o futuro, mas vemos hoje um fenômeno anti-globalista em larga escala, e a idéia eurasiana coordena de um modo construtivo todos os oponentes da globalização unipolar. Mais ainda, oferece a idéia concorrente de globalização multipolar (ou alter-globalização).

Aleksandr Dugin - Ou Quando a Metafísica e a Política se Unem

Escassas personalidades nos últimos anos comoveram de maneira tão estrondosa os ambientes do radicalismo mundial, como fez Aleksandr Dugin. Polemista, homem dotado de uma memória prodigiosa, notável artesão na difícil ciência de gerar idéias, locutor radial de um programa transgressor como poucos, ensaísta, geopolítico, músico, estudioso da Metafísica guénoniana, crítico das ideologias políticas aceitas pela polícia do pensamento, editor clandestino das obras de Guénon e Evola quando ainda a União Soviética era uma realidade, diretor da associação e casa editorial Arctogaia, a qual literalmente inunda a Internet com suas páginas que tratam sobre Nacional-Bolchevismo, Otto Rahn, Eurasismo, e Julius Evola, entre um universo conceitual heterogêneo que poderá gerar aplausos ou odiosidades; pois frente a Dugin ou está-se com ele e segue-se o mesmo, ou repudia-se ele. Parece não haver outra opção. E, sem embargo, nós queremos fazer um juízo crítico que esteja mais além das posturas extremas antes mencionadas. Trataremos de expôr as idéias que sustenta Dugin, indicando, quando estimemo-lo procedente, nossa opinião.

O Nacional-Bolchevismo Russo

Se há disponível agora na França um número de trabalhos satisfatórios de referência que nos permite compreender bem o nacional-bolchevismo alemão, isso é não é o caso para um nacional-bolchevismo russo, a existência da qual nós estamos simplesmente descobrindo. Assim o trabalho de Mikhail Agusrky, embora hostil, é uma importante fonte de informação e de razões para meditar, ainda de ter esperanças.

 
A tese do autor, inspirada por reflexões de Ortega y Gasset em A Revolta das Massas, é que os componentes marxistas e socialistas do bolchevismo russo são somente “camuflagens históricas” para um processo realmente mais profundo geopolítica e historicamente. Para Agusrky, Lenin praticou uma linguagem dupla, ortodoxa marxista em suas escrituras, que deveriam somente ser consideradas como trabalhos de “relações públicas”, ele se colocou a si mesmo de fato na linha de Aleksandr Herzen, quem rejeitou o Ocidente e quem promoveu uma invasão da Europa Ocidental pelos eslavos. Desde o começo do século, Lenin e os bolcheviques teriam atribuído o objetivo para eles mesmos de dar a liderança da revolução mundial para a Rússia e para os russos. Nesse ponto de vista, o nacional-bolchevismo seria a ideologia nacionalista russa que faria o sistema da política soviética legitimar do ponto de vista nacionalista e não do ponto de vista marxista. O nacional-bolchevismo faria as

Quarta Teoria Política (Excerto)

"Finalmente, o que se pode tomar emprestado do liberalismo? Aqui, como sempre, precisamos começar justamente com aqueles aspectos que não devem ser tomados de empréstimo. Talvez, nesse caso, exista uma descrição clara e bastante bem detalhada novamente em Alain de Benoist (Contra o liberalismo: rumo à quarta teoria política) , ao qual eu constantemente me refiro em minha explanação. Ora, o liberalismo é o principal inimigo da “Quarta Teoria Política”, a qual é construída especificamente com base na oposição a ele. No entanto, mesmo nele, como foi o caso com as outras teorias políticas, existe algo importante e existe algo secundário. O liberalismo, como um todo, apoia-se no indivíduo como bloco que o forma. Essas partes é que são tomadas como um todo. É talvez por essa razão que o “círculo hermenêutico” do liberalismo mostrou-se o mais durável: ele possui as menores órbitas e rotaciona ao redor de seu sujeito – o indivíduo. Para despedaçar esse círculo, devemos atingir o indivíduo, aboli-lo e lançá-lo na periferia das considerações políticas. O liberalismo está bastante ciente dessa ameaça e por isso empreende repetidas batalhas contra todas as ideologias e teorias – sociais, filosóficas e políticas – que porventura lesem o indivíduo, inscrevendo sua identidade num contexto geral maior. A neurose e os medos localizados no âmago patogênico da filosofia liberal podem ser vistos claramente no “Sociedade aberta e seus inimigos” , obra clássica do neoliberalismo de Karl Popper. Ele compara fascismo e comunismo com base precisamente no fato de que ambas ideologias integram o indivíduo numa comunidade supra-individual, em um todo, uma totalidade, o que Popper imediatamente tacha de “totalitarismo”. 

O fim do século xx – fim da modernidade (Excerto de 4TP)

O século XX acabou, mas apenas agora começamos a perceber e a entender esse fato. O século XX foi o século da ideologia. Nos séculos anteriores, religião, dinastias, Estados, classes e Estados-nação desempenharam um enorme papel na vida das pessoas e sociedades. Pois no século XX, a política deslocou-se para uma esfera puramente ideológica, redesenhando o mapa do mundo, das etnias e civilizações de uma maneira nova. Por um lado, as ideologias políticas representavam tendências civilizacionais anteriores com raízes profundas. Por outro, eram algo completamente inovador.

Todas as ideologias políticas, ao alcançar o pico de sua distribuição e influência no século XX, eram o produto de uma era nova era, Moderna, e incorporavam o espírito mesmo da modernidade, ainda que de modos diferentes e por meio de diferentes símbolos. Hoje rapidamente nos afastamos dessa Era. Assim, fala-se, cada vez mais e mais frequentemente, de uma “crise da ideologia” ou mesmo de um “fim da ideologia”. Desta forma, a existência mesma de uma ideologia estatal é explicitamente negada na Constituição da Federação Russa, por exemplo. Já passou da hora de abordar esta questão mais profundamente.
As três principais ideologias do século XX e seu destino
 As três principais ideologias do século XX foram:
liberalismo
comunismo
 fascismo.

Eurasianismo como a via para a real multipolaridade

Paradigma da globalização - paradigma do Atlantismo

O estado-nação de hoje está sendo transformado em um estado global; nós estamos face à constituição de sistemas de governos planetários dentro de um só sistema econômico-administrativo. Acreditar que todas as nações, classes sociais, e modelos econômicos podem subitamente começar a cooperar com a base dessa nova lógica mundial é errado. Globalização é unidimensional, fenômeno univetorial que tenta universalizar o ponto de vista Ocidental (Anglo-Saxão, Americano) de como melhor gerenciar a história humana. Ela é (muito freqüentemente conectada com supressão e violência) a unificação de diferentes estruturas - sócio-políticas, étnicas, religiosas e nacionais,  em um só sistema. É uma tendência histórica Ocidental e Européia que tem alcançado seu pico através da dominação dos Estados Unidos da América.
Globalização é a imposição do paradigma Atlântico. Globalização como Atlantismo absolutamente tenta evitar essa definição. Proponentes da globalização argumentam que quando não houver alternativa ao Atlantismo é que parará de haver Atlantismo. O Americano e filósofo político F. Fukuyama escreve sobre o “fim da História”, que na verdade significa o fim da história geopolítica e do conflito entre Atlantismo e Eurasianismo. Isso tem em vista uma nova arquitetura de um sistema mundial sem oposição e de apenas um polo – o polo do Atlantismo. Podemos também nos referir a isso como a Nova Ordem Mundial. O modelo de oposição entre dois polos (Oriente-Ocidente, Norte-Sul) transforma o modelo centro-periferia (centro – Ocidente, “rico Norte”, periferia – Sul). Essa variante de arquitetura mundial é completamente estranha ao conceito de Eurasianismo.

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