INTRODUÇÃO AO NOOMAQUIA. LIÇÃO 7. O LOGOS CRISTÃO

Podemos formular alguns princípios gerais sobre a doutrina cristã. Em primeiro lugar, do ponto de vista noológico e geosófico, o Logos cristão é evidentemente apolíneo. Os conceitos do Deus Pai Celestial, da Santíssima Trindade, da transcendência do Criador para a própria Criação, tudo isso gerou um Logos tipicamente apolíneo e patriarcal, com uma organização do espaço metafísica completamente vertical. Estamos lidando com o Pai Celestial transcendente, localizado no Paraíso, que cria o mundo. Esse ato de criação representa uma descida de cima para baixo, da eternidade para o tempo, do Paraíso à Terra, de Deus ao homem e a outras criaturas. O relacionamento entre o Criador e a Criação é, portanto, de um tipo hierárquico, com a Criação que deve ser submetida ao Criador. Essa verticalidade constitui a própria essência da tradição cristã. Nas raízes dos princípios dogmáticos fundadores, existe uma lógica puramente apolínica. Todas as três figuras da Santíssima Trindade também são masculinas, e isso é muito significativo do ponto de vista simbólico.

INTRODUÇÃO SOBRE NOOMAQUIA LIÇÃO 6. A CIVILIZAÇÃO EUROPEIA

A tradição grega é baseada na vitória completa do Logos de Apolo. No entanto, essa vitória, como mencionei na quarta lição, não foi imediata. As tribos helênicas dos jônicos e dos eólios passaram pelas primeiras ondas migratórias nos Bálcãs e no Peloponeso, dominando a civilização matriarcal existente. Mas, enquanto alguns territórios gregos mantinham a estrutura indo-européia trifuncional puramente patriarcal, outros a perdiam total ou parcialmente. Nas culturas Minoica e micênica, portanto, foi criada uma mistura de elementos patriarcais e matriarcais. Foi apenas com a última onda migratória das tribos helênicas dos dórios – provenientes do norte, dos territórios macedônios e portadores de elementos apolíneos e pastorais essenciais – que a cultura micênica foi destruída e um estilo puramente turânico foi introduzido. Tudo isso se reflete no dualismo da cultura grega entre o Esparta dórico e a Atenas jônica, um dualismo que reflete o equilíbrio de Noomaquia dentro do espaço existencial grego, uma vez que o Logos Apolíneo se manifesta em Esparta de forma clara e marcante, ao contrário de Atenas e nas colônias da Anatólia grega, onde, em vez disso, é menos preponderante. Esse dualismo incidente também desempenha um papel fundamental na geopolítica.

A Geopolítica da Distopia: O Totalitarismo de Orwell do ponto de vista da Teoria do Mundo Multipolar

O século XX assistiu à ascensão de diferentes ideologias que tomaram a forma do que se chama hoje de “totalitarismo”, formas extremamente autoritárias de governo, com restrições a  liberdades e discursos de superioridade e ódio a outros povos e visões de mundo, caracterizando o século XX como uma era de radicalismo político, sendo inclusive chamado por historiadores como Hobsbawn como a “Era dos extremos”. As duas guerras mundiais, a formação de grandes alianças entre diferentes nações em busca da consolidação de suas ideologias, como o comunismo, o fascismo, o nazismo e o liberalismo, levaram à crise do modelo de Estado-nação westphaliano e à formação de poderosos blocos geopolíticos, como o Eixo, durante a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética e mais tarde a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que travaram diversos conflitos bélicos e políticos que moldaram as fronteiras do mundo atual, levando ao fim de  antigos blocos e Estados e pondo fim à divisão ideológica do mundo que imperava antes da queda da União Soviética em 1991.

O que a filosofia de Vicente Ferreira da Silva pode ensinar aos adeptos da Quarta Teoria Política

Vicente se aproxima de um politeísmo, que se relaciona ao estudo das consciências, citado acima. Para nosso filósofo, os deuses são potências que, ao se apossarem dos homens, criam a consciência. Os deuses são realidades meta-humanas e, assim sendo, não são criadas pela consciência, mas sim a criam. A passagem do mito para a filosofia clareia a consciência, mas oculta a presença dos deuses. Um conceito de extrema importância na filosofia de Vicente é que sempre que ocorre um desvelamento, outro elemento é ocultado, o que ele chama de desvelamento oclusivo. Então, ao se desvelar a consciência, são ocultados os deuses. Todo o pensamento de Vicente pode ser sumarizado na inversão entre mito e logos. Ele propunha que a filosofia evoluísse retornando ao sagrado, aos deuses, exatamente o contrário do que buscava o hegemônico pensamento positivista e racionalista brasileiro. Esse foi um dos principais motivos do isolamento intelectual que lhe foi imposto. Aqui, podemos perceber como o próprio conceito de desvelamento oclusivo opera: ao resgatarmos o pensamento de Vicente, descobrimos o motivo de seu esquecimento. Ao imporem o esquecimento de seu pensamento, nos é desvelado o ponto mais central de sua obra, o aórgico, a sacralidade do mundo.

 

INTRODUÇÃO SOBRE NOOMAQUIA LIÇÃO 5. LOGOS DE DIONÍSIO

O regime diurno também é o regime guerreiro do patriarcado. O que dissemos sobre o Logos de Apolo pode ser facilmente aplicado a esse regime imaginário. De fato, segundo Durand, representa a luta contra a noite, a morte e as trevas; uma espécie de guerra apolínea perpétua. No campo da doença mental, esse regime corresponde ao estado paranoico. A paranoia é a absolutização do diurno, em que tudo é separado até o nível atômico, com uma destruição contínua do objeto paralela à consolidação do sujeito. Assim trabalha o guerreiro, lutando sem cessar e destruindo tudo o que encontra com sua espada; a espada é o diurno, o que separa, não mata, mas divide, destruindo o objeto e consolidando o sujeito.

INTRODUÇÃO SOBRE NOOMAQUIA LIÇÃO 4. O LOGOS DE CIBELE

A análise noológica do sedentarismo dos indo-europeus, dos quais nesta lição abordamos os pontos mais importantes, fornece-nos os elementos para entender a estrutura existencial de todas as sociedades indo-europeias. Agora sabemos que existem dois horizontes existenciais sobrepostos um ao outro, e é apenas a partir deste resultado que é possível aprofundar o estudo aprofundado de cada sociedade indo-européia específica – da Europa Ocidental, Europa Oriental, Irã ou Indiana. Tenho dedicado a cada uma dessas sociedades – ao Logos francês, germânico, latim, grego, inglês, iraniano, indiano – diferentes volumes do projeto Noomaquia, aplicando o conceito de “dois horizontes” para testar como essa hermenêutica opera, essa interpretação nos casos específicos representados por cada uma dessas culturas e como essa superposição de dois níveis afeta o conteúdo e a semântica de cada um desses povos. Posso afirmar com absoluta certeza que em todos os lugares podemos identificar os dois horizontes existenciais, suas interações e aspectos da prevalecente um horizonte mais do que o outro em uma variedade de contextos – na mitologia, na religião, na ciência, na visão do mundo em si – já que o Logos envolve e influencia tudo.

INTRODUÇÃO AO NOOMAQUÌA. LIÇÃO 3. O LOGOS DA CIVILIZAÇÃO INDO-EUROPEIA

Antes de tudo, vamos lidar com o horizonte existencial indo-europeu. Nesse sentido, é necessário especificar que o conceito de horizonte ou espaço existencial possa ser aplicado em diferentes escalas, tanto para pequenas comunidades quanto para médias ou grandes comunidades, unidas, por exemplo, pelas mesmas origens linguísticas. O que, então, significa um horizonte existencial indo-europeu? Se trata de um vasto tipo de união, coincidindo com o espaço em que vivem os povos que falam línguas indo-européias. A família de línguas indo-européias inclui línguas latina e românica, o grego, línguas germânicas, línguas celtas, línguas eslavas, persa, sânscrito e outras línguas pracritas, hitita e outras línguas anatólias, frígia , a língua ilírias, as línguas bálticas, etc. É interessante notar que a língua romani também pertence a essa comunidade linguística; Os ciganos têm origens incertas, mas também falam um idioma indo-europeu. O mesmo pode ser dito da língua iídiche: ela também pertence a essa família, sendo uma língua essencialmente germânica. Portanto, o ecumenismo indo-europeu, o horizonte existencial indo-europeu, é mais ou menos coincidente com o espaço habitado pelos povos que falam essas línguas. É um espaço imenso, que cobre um número enorme de populações.

INTRODUÇÃO AO NOOMAQUIA. LIÇÃO 2. GEOSOFIA

Husserl identificou o tempo com uma melodia, que é uma sequência de notas musicais que subtende uma lógica, uma chave cuja nota é de alguma forma predefinida pelas notas anteriores e a presença de uma nota desafinada perturba o ouvinte; do mesmo modo, a história, ou melhor, a esfera da história, não representa uma sequência temporal simples de fatos desconectados, mas uma sucessão de eventos que tem sua própria lógica. A história é música, mas apenas as pessoas relativas ou o Dasein podem entender completamente essa música histórica. Em outras palavras, não é universal; a história de cada pessoa opera com uma frequência sonora específica, de modo que ninguém mais é capaz de ouvir e entender perfeitamente sua melodia. Não sendo capaz de ouvir perfeitamente uma melodia de fora, é particularmente difícil expressar avaliações sobre a condição de uma pessoa específica, se ela está passando por uma fase positiva ou negativa, se está em desenvolvimento ou está em declínio, etc. Não há critérios universais no campo da história, porque a relação com o tempo é uma propriedade existencial do Dasein.

 

INTRODUÇÃO SOBRE NOOMAQUIA LIÇÃO 1. NOOLOGIA: A DISCIPLINA FILOSÓFICA DAS ESTRUTURAS INTELECTUAIS

O termo Noologia designa a uma nova disciplina filosófica. Noologia é um neologismo derivado de dois termos gregos: νοῦς (“nous”) e λόγος (“logos”).  Logos indica a palavra, o discurso ou a investigação. Assim, a Noologia é a disciplina que estuda o Nous. Mas o que é o Nous? Você pode traduzi-lo com mente ou intelecto, ou mesmo consciência. Algo que está profundamente dentro da mente humana. A questão então surge espontaneamente: o que se entende por humano?

O homem é um ser que difere de todos os outros do mundo em uma coisa: pensamento. Toda outra qualidade é compartilhada como a dos outros seres vivos, mas do pensamento constitui uma exclusividade do ser humano, que logo pode então ser definido como uma criatura pensante ou um ser pensante. Como resultado, o pensamento é por definição humano. Todos os seres vivos têm um corpo e várias instâncias relacionadas a ele (todos experimentamos dor física, prazer físico e assim por diante), mas nenhuma criatura, exceto nós, no mundo dos vivos, tem um intelecto e é capaz de pensar. O pensamento ou Nous, então, constitui a essência do homem. Todos os outros aspectos da vida são comuns ao homem e a outras criaturas, mas o pensamento, o intelecto é um aspecto único do homem e é o que nos torna humanos. Ser humano significa ser uma criatura pensante. Assim, o Nous é a raiz mais profunda do ser humano, da humanidade. Somos humanos porque o Nous está em nós.

O Advento do Robô (História e Decisão)

Estamos tocando a mesma melodia, e se não estivermos felizes poderíamos dizer “pare”... Só que isso não é possível. Temos que percorrer essa rota de volta ao princípio – rumo à primeira nota dessa sinfonia. Nós deveríamos perguntar agora: quem é o autor que deu início a esse processo de urbanização, que criou os trens, o liberalismo, a democracia, o progresso, o míssil, o computador, a fusão nuclear. Quem é o verdadeiro autor? E isso é essencial: porque foi a decisão humana, esse não foi um tipo de “processo natural”. Em um dado momento da história nós decidimos trilhar esse caminho, e agora nós só podemos desacelerar ou acelerar. Mas por que não perguntamos a nós mesmos: estaríamos indo na direção correta desde o começo? Terá sido essa decisão a correta?

Devemos retornar a esse momento, ao princípio dessa melodia – essa é minha ideia. Pode ser tarde demais e acordarmos cercados por robôs, perfeitos pagadores de impostos, tomando decisões democráticas, enviando mensagens SMS uns aos outros, de robô par robô.

HEGEL E O SALTO PLATÔNICO

Hegel estabelece uma hierarquia entre as diferentes formas políticas. Na verdade, esta é uma hierarquia evolucionária, já que cada regime é melhor que o anterior. Mas, diferente das ideias de Marx, essa evolução é, ao mesmo tempo, não somente uma reflexão da Antítese, e não é o desenvolvimento da matéria e da natureza. Essa é a distinção do Espírito, que foi originalmente inerente à natureza e à matéria. Do seguinte modo, não há materialismo aqui. Nós estamos lidando com um esquema complexo que combina a opção platônica (no princípio havia Espírito, não matéria) e o modelo evolucionário (no qual nós começamos a considerar a história a partir da Antítese, o que é reminiscente da ideia da Grande Mãe). Marx amputou a parte platônica, por isso sua interpretação de Hegel é puramente materialista. Mas Hegel é mais complexo.

Hegel à luz da Quarta Teoria Política – um breve esboço

A filosofia do alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel tem interessantes ferramentas para oferecer ao pensamento dissidente. Conceitos como dialética, práxis e Volkgeist, se adaptados à nossa luta, se tornam instrumentos de análise e de ação. Aliás, tal adaptação é fundamental, o que passa também pelo estudo de todo o percurso do pensamento pós-hegeliano, tanto em pensadores considerados de esquerda quanto nos considerados de direita. Ecos de Hegel estão em obras de naturezas tão diferentes como as de Marx, Lênin e Gramsci num oposto e Spengler, Gentile e Schmitt num outro. Essa é a distância que a sombra da influência hegeliana alcança. Nós podemos e devemos beber dessa fonte.

A Quarta Teoria Política: Não ao Liberalismo, ao Comunismo e ao Fascismo

Muitos se perguntam sobre os posicionamentos teóricos e ideológicos da Nova Resistência e acabam se confundindo, projetando na Organização doutrinas que consideramos mofadas e esgotadas. A Nova Resistência se associa ao esforço de construção da Quarta Teoria Política. Esse vídeo explica, de modo geral, o que significa esse esforço, qual seu objetivo e sua relação com as teorias políticas modernas.

Contra acusações de fascismo

Quarta Teoria Política (nem liberalismo nem comunismo nem fascismo). De resto, não somos tutelados pelo Movimento Eurasiano de Dugin (ou qualquer outro) e nem lhe devemos qualquer satisfação nem tampouco nos responsabilizamos por quaisquer posicionamentos desse ator político russo. Somos brasileiros e latino-americanos, com nossa própria “agenda” de interesses.
Isso dito, cumpre esclarecer que Dugin, um patriota russo anti-liberal, não pode em absoluto ser considerado um autor fascista – e muito menos racista (nem todo fascista é racista, de qualquer forma – ainda que fosse o caso). Nos anos 1990, Dugin esteve próximo do movimento “nacional-bolchevique” e, provocativamente, se apropriou da ideia de um “fascismo vermelho” russo. Contudo, Dugin rompeu com o Partido Nacional Bolchevique de Limonov naquela mesma década e renunciou a tais ideias há muitos anos, conforme a evolução de seu pensamento.

Kemi Seba: esperança africana de um mundo multipolar

Ele conseguiu, pela força da estratégia e do conhecimento das ruas africanas, domesticar um conceito ainda desenhado e concebido por/para o Ocidente, que vem a ser a sociedade civil. Ao fundir sua circunferência (geralmente composta de ONGs alimentadas com os seios da Europa ou dos Estados Unidos) com a rua real, ela brutalmente descompartimentou um espaço metapolítico que não pertencia a povos enraizados, mas na verdade, para as elites apátridas globalizadas. Ele entendeu o status ideológico das três principais teorias políticas modernas, que são o liberalismo, comunismo e nacionalismo. Seguindo essa lógica, ele acabou, por meio do progresso intelectual, a chegar à Quarta Teoria Política, baseada na busca da tradição primordial em sua acepção africana e no domínio dos mecanismos conceituais da multipolaridade político-civilizacional.  

Rumo à Quarta Teoria Econômica

A comunidade camponesa foi concebida como um ente soberano, e a supraestrutura acima desta consistia na esfera dos mortos e dos espíritos, que, em alguns casos, era ocupada por grupos heterogêneos (como, por exemplo, a elite dos conquistadores). Os sacrifícios, assim, eram enviados para lá, independentemente de tal esfera ser representada corporeamente (castas superiores) ou não (espíritos e mortos). Em todo caso, o eixo metafísico era personificado e responsável pela destruição dos excedentes ou das anomalias. Contudo, é fundamental estabelecer que o equilíbrio entre produção e consumo se dava no domínio da imanência pura, ou seja, era suficiente em si mesmo.

O liberalismo e a globalização foram decisivamente derrotados.

O mesmo vale para o crescimento econômico infinito ou para a classe média global ou para a sociedade civil. O mesmo vale para o pós-modernismo e o 'Aufklärung der Aufklärung'. Não há mais continuidade possível para o futuro. Estamos nos aproximando do momento da grande descontinuidade. Isso não significa que o futuro será garantidamente nosso, mas a verdade é que ele não será mais deles. Ele está aberto mais uma vez. A censura liberal dos meus livros e dos coletes amarelos pela Amazon ou banimentos pelo Facebook de qualquer forma de discurso não-liberal são os signais de que o fim se aproxima. Todos aqueles que sofrem sanção e são banidos hoje, todos aqueles que são atacados como Estados-párias ou 'putinistas', todos aqueles que são marginalizados e criminalizados - brancos, populistas, homens, religiosos, defensores da justiça social, tradicionalistas, conservadores e assim por diante - serão mais provavelmente os vencedores do primeiro período pós-liberal. Mas nada disso está garantido e não há plano ou estratégia para o futuro. 

Quarta Via Política!

Nenhuma das grandes formações ideológicas ou grupos políticos insatisfeitos com o status quo consegue identificar com alguma proximidade qual é a natureza das transformações políticas que vem se impondo progressivamente no Brasil desde o retorno da democracia. E por que isso ocorre? Por causa exatamente desse apego a modelos teóricos ultrapassados, que bloqueia essa identificação. E ausente essa capacidade, o máximo que uma força política de oposição pode almejar é adiar por um punhado de anos (como fazem as ditaduras reacionárias) a difusão da decadência e da dissolução.

Pois bem, este livro de Alexander Dugin possui o grande mérito exatamente de fornecer instrumentos teóricos que nos permitam compreender os processos de transformação ideológica pelos quais o mundo vem passado desde a instauração da modernidade, assim como algumas diretrizes e orientações que se mostrarão extremamente úteis para que os autênticos revolucionários apliquem na construção de uma Quarta Teoria Política, segundo suas próprias realidades espaciais.

O feminismo como manifestações da agenda anti-humanista

As projeções da mentalidade masculina por sobre as mulheres é tão paranoica quanto as projeções da mentalidade feminina por sobre os homens. Normalmente, as mulheres são muito mais sensíveis e delicadas do que os homens neste sentido. Nem mais submissas ou inclinadas à resignação – apenas mais sábias. Em certo sentido, elas são mais humanas e autênticas… Mas ainda assim – estes são dois universos essencialmente humanos e essencialmente diferentes.

As Cinco Lições de Carl Schmitt para a Rússia

O famoso jurista alemão Carl Schmitt é considerado um clássico do direito moderno. Alguns o chamam de “Maquiavel moderno” por sua falta de moralismo sentimental e de retórica humanista em sua análise da realidade política. Carl Schmitt acreditava que, ao determinar questões legais, é importante primeiramente dar um contorno claro e realista dos processos políticos e sociais e evitar o utopismo, os anseios e imperativos e dogmas apriorísticos. Hoje, as heranças jurídica e acadêmica de Carl Schmitt compõem um elemento necessário da educação jurídica em universidades ocidentais. Para a Rússia também, a criatividade de Schmitt é de interesse especial e de importância particular, já que ele tomou interesse nas situações críticas da vida política moderna. Indubitavelmente, suas análises do direito e do contexto político da legalidade podem nos ajudar a compreender mais claramente e profundamente o que exatamente está acontecendo em nossa sociedade e na Rússia.

A Anatomia do Populismo e o Desafio da Matrix

Os "coletes amarelos" rebelaram-se contra Macron bem como contra a elite liberal dominante. Mas hoje, já não é mais um movimento da direita ou da esquerda clássica. Macron é de esquerda no apoio à migração, proteção de minorias, a legalização de distorções e o chamado "marxismo cultural", mas de direita (direita liberal) em termos de economia, defendendo firmemente os interesses dos grandes negócios e da burocracia europeia. Ele é um globalista puro, sem descartar uma declaração direta de sua pertença à Maçonaria (seu famoso sinal de mão, representando um triângulo), e até com slogans satânicos diretos: “Faça o que quiser, mas vote em Macron.” A revolta dos “coletes amarelos” é precisamente contra essa combinação de direita liberal e esquerda liberal.

Se Mélenchon e Marine Le Pen não podem ser unidos politicamente, sendo um - muito à esquerda e o outro – muito à direita, então os "coletes amarelos" farão isso no lugar dos líderes políticos que buscam liderar um movimento populista. Os “coletes amarelos” não são apenas contra a política econômica ou a imigração - eles são contra Macron como um símbolo de todo o sistema, contra o globalismo, contra o totalitarismo liberal, contra o “estado atual das coisas”. O movimento dos "coletes amarelos" é uma revolução populista e popular. E a palavra "povo" (populus, "le peuple") no conceito de "populismo" deve ser entendida literalmente.

As raízes da identidade

A identidade extrema é sempre relativa, individual e condicional. A identidade profunda é absoluta, universal – no âmbito de uma sociedade em específico – e não depende da expressão individual. A identidade extrema é um produto específico da identidade difusa. A identidade profunda precede a identidade difusa e funciona como a potência espiritual que a constitui.

Semelhante análise é muito importante para uma compreensão precisa do desenvolvimento do nacionalismo no mundo atual.

Na Rússia, a identidade difusa (patriotismo) está em ascensão. Concentra-se particularmente no Estado e em Putin, especialmente após o ocorrido na Crimeia. Os Jogos Olímpicos ajudaram a cultivar e a revitalizar tais formas em particular.

A Quarta Teoria Política e o Pós-Liberalismo

Muitas pessoas estão fazendo isso. Isso é como uma reação natural ou um reflexo de vômito. Se alguém nos alimentava pensamos voltar a essa comida que não nos adoecia. Agora só o liberalismo nos alimenta e estamos doentes por isso, e lembramos febrilmente o que era antes, tratamos de pensar em como eram as coisas outrora, como não estávamos adoecidos e como podíamos seguir vivendo. E alguém dirá: o fascismo não era tão ruim e era também uma alternativa ao liberalismo. E daí em diante.

De fato, aqui surge a Quarta Teoria Política. Se analisamos mais a fundo o que propomos contra essa globalização e o liberalismo, se propomos, desafortunadamente, o comunismo da segunda teoria política ou o fascismo da terceira teoria política, então não podemos propor nada mais contra o liberalismo.

Os liberais mesmos esfregam as mãos ao ver isso. Quando começamos a criticar a globalização, dizem que somos fascistas e comunistas. Quando começamos a explicar que há algo mais, dizem que não. "Está justificando o comunismo e o fascismo, vocês são só comunistas ou fascistas enrustidos! Vocês são fascistas enrustidos ou comunistas enrustidos!" Neste sistema da filosofia política da modernidade não existe o conceito de uma quarta. O significado da Quarta Teoria Política começa com essa suposição de que não existe, mas deveria existir. Ela é necessária para derrotar o liberalismo sem cair na armadilha do comunismo e do fascismo. Talvez possamos ir de novo pelo mesmo caminho e construir uma sociedade socialista e totalitária na qual haverá pouca liberdade, e cedo ou tarde virão os liberais e tudo voltará a se repetir. Podemos construir um Estado fascista em algum lugar, como se tenta na Ucrânia, até que as pessoas entendam que não há liberdade suficiente e que o racismo, o nacionalismo e o chauvinismo são repugnantes. E logo voltaremos ao mesmo liberalismo novamente.

 

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